domingo, 12 de agosto de 2012
O dia do pai
O dia do pai
Nas mãos desmesuradas de criança
o osso do passado o decreto
estala
bem na fronte de fera mansa,
encapuzada de selvagem e alva gala:
raia hoje do pai o dia!
Fincada na plana alegria
ao rés do chão, por onde caminha do filho
a ilusão
de mão em mão cambiante, rasgado
olho da estepe alma infante
à face peluda do pai investe:
és pequeno, és grande, és cão?
Com provas do dano e do sangue
talante
de uma velha vida talhada no esmero de um dia
à mesa da ceia desce o manjar, o sal, a iguaria
e antes de na garganta o ralo sumo deitar
invoca em prece
a mais alta hierarquia!
Contempla em pouso teu tanto peso
oco
levado de ventos aos campos que retém
vês tu que no horizonte do macio leito
o leite que mamas o afago que mimas
compartes com o colo do desdém?
Assim, raiante, é do pai o dia
o cetro, o sangue, o seio
o instante
oração que clama, inflamante, a tenaz melodia
entre febo e fera a contenda e o açoite
rompendo em morte
dos homens, a pele
a noite!
Renan Rodrigues
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