Rage Against The Machine
O sentimento da máquina é o incêndio,
seu deus são cinzas, o fim do fogo!
Ela não vê, pois não tem olhos, é uma
ira
sem forma, só peso...se move é por ser
retorcida e muita, sobra de si: pele
crispa!
O fogo rola naquele fim que o sopra,
deus das cinzas...divino aquém, porque
humano, semi amorfo, só grita e muito
sobra.
Renasce lamentoso e ígneo...de ferro,
negra fundição. Não tendo olhos, ouve.
E se responde é por certidão de pele:
sabe-a em tudo, no ar, chão, no fogo
nulo.
Entre as cinzas e o fato, antes do deus,
após o homem: impuro tato!
Toque os fios, a fonte é azul!
Com que visão? Provoca o deus das
cinzas.
Pois deseja o fim do jogo, secar a fonte
e acinzelar o jorro!
A máquina tem por fios órgãos-motor,
enreda-os, promíscuos: amor lasso.
Não vê, pois não tem olhos...confiante,
tece.
Urde desejos, pulsações de verve,
espasmos de incêndio, desafiando o
tecido espaço.
Digo que renasce em tremida pele: um,
quatro, vários.
Rage! Tudo tange e rege, desmembrado!
A máquina tem por deus a machina deus.
Fora de si o tempo urge: começa o jogo!
Ex
machina, ira muita, mas sem logro.
Maquinismos ondulantes na arena
incendiada,
sem olhos, toda cega e espalhada: só
corpo.
Machina
contra machina...
atiça em toda parte o fogo-povo!Renan Rodrigues