quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A arte de curtir peles (dedicado à Ray Smith em Desolation Peak)

A arte de curtir peles (dedicado à Ray Smith em Desolation Peak)

subindo a campina pedregosa aos titubeios
disparam contra si em treino balas de festim que matam
morte horizontal e plana morte amiga dos que amam
cavalgando seus próprios mortos de bronze
em lápides esculpidas de baba fossilizada
cavalgadura de bestas chifrudas escamadas celulósicas
essas quimeras que de vento em vento adensam em páginas
volumes de imagens entranhadas no vértice do tempo
morrem em conjunto aos gritos numa dobra moribunda
suas próprias peles pictografadas dizem muito
sobre astear velas e seguir lufadas
montar arreios
espremer músculos e estalar ossos
alinhar-se
mapas completos desenhados no esmero do couro
fatigado e desistente
titubeantes
sobem a campina abrindo o cerco
quando saberemos marchar ao encontro?
tomar posto e engulir seco
olhar a cópula de lágrimas dos tempos?
quando saberemos costurar sem importar com a puição?
por acaso não toda teia tem seus furos?
quando criaremos patas e humor aracnídeos?
uma guerra anasazi abelha-aranha!
quando? quando saberemos honrar nossos mortos?
e vestir sua pele curtida no veloz do ágil?
e aprenderemos a assobiar requiens à toque de caixa?
ao invés de remexer o leito santo
com invocações banais?

esses nossos mortos,
exumados
e assim nascidos!

Renan Rodrigues

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