Nous sommes là tous deux comme devant la mer
sous l'avance saline des souvenirs.
De ton chapeau aérien à tes talons presque pointus
tu es légère et parcourue
comme si les oiseaux striés par la lumière de ta patrie
remontaient le courant de tes rêves.
Tu voudrais jeter des ponts de soleil entre des pays
que séparant les océans et les climats, et qui
s'ignoreront toujours.
Les soirs de Montevideo ne seront pas couronnés de
célestes roses pyrénéennes,
les monts de Janeiro toujours brûlants et jamais
consumés ne pâliront point sous les doigts délicats
de la neige française,
et tu ne pourras entendre, si ce n'est en ton coeur,
la marée de avoines argentines,
ni former un seul amour avec tous ses amours qui
échelonnent ton âme,
et dont les mille fumées ne s'uniront jamais dans
la torsade d'une seule fumée.
Que les paupères rapide se résignent, ô désespérée
de l'espace!
Ne t'afflige point, toi dont le tourment ne remonte
pas comme le mien, jusqu'aux âges qui tremblent
derrière les horizons,
tu ne sais pas ce qu'est une vague morte depuis
trois mille ans, et qui renaît en moi pour périr
encore,
ni l'alouette immobile depuis plusieurs décades qui
devient en moi une alouette toute neuve,
avec un coeur rapide, rapide,
pressé d'en finir,
ne t'afflige point, toi qui vois en la nuit une amie
qu'émerveille ton sourire aiguisé par la chute
du jour,
la nuit armée d'étoiles innombrables et grouillante
de siècles,
qui me force pour en mesurer la violence,
à renverser la tête en arriére
comme font les morts, mon amie,
comme font les morts.
Juillet 1920.
Jules Supervielle - Débarcadères
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Cá estamos nós dois como em frente ao mar
sob a investida salina das lembraças.
Do teu chapéu airoso à teus saltos quase pontiagudos
tu és ligeira e movente
como se os pássaros afilados pela luz da tua pátria
reanimassem o fluxo dos teus sonhos.
Tu querias lançar pontes de sol entre países
cujos oceanos e climas, estando apartados
ignorar-se-ão para sempre.
As noites de Montevidéu não serão coroadas pelos
celestes rosas pirenaicos,
Os montes de Janeiro sempre abrasados e nunca
consumidos não empalidecerão sob os dedos delicados
da neve francesa,
e tu não poderás entender, caso não esteja em teu coração
a maré das aveias argentinas
nem formar um único amor com todos os amores que
ascenderam à tua alma
da qual a miríade de vapores unir-se-á nunca
no espiralado de uma só fumaça.
Que tuas pálpebras se resignem, ó desorientada
e irrequieta!
Não te aflijas, a ti cujo tormento não remonta
como o meu, até as eras que trepidam
por detrás dos horizontes,
Tu não sabes o que é uma onda morta por
três mil anos, e que renasce em mim para esvair-se
novamente,
nem da cotovia imóvel por várias décadas e que
advém em mim uma cotovia toda nova,
com um coração acelerado, acelerado,
urgente por cessar
não te aflijas, a ti que vês na noite uma amiga
a te alumbrar o sorriso delineado pelo verter
do dia,
a noite armada de estrelas inumeráveis e buliçosas
seculares,
que me força a medir a violência,
a trazer a face em revés
como fazem os mortos, minha amiga,
como fazem os mortos.
Julho 1920.
Traduzido por Renan Rodrigues
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